Recebi o desafio da jornalista Vanessa Fidalgo, escrever sobre o que vamos vestir em 2021, e assim surgiu o artigo na revista Domingo do jornal Correio da Manhã. Partilho aqui a versão completa do texto, pois foi um trabalho que me "encheu as medidas".
Há quem diga que 2020 não trouxe nada de bom (e na verdade estávamos todos desejosos de o ver pelas costas), mas ainda assim não posso concordar. Foram muitas as mudanças neste último ano, sentidas económica e socialmente, como ao nível da moda e mesmo no meio ambiente.
Christian Dior
Melitta Baumeister e Balenciaga
MSGM , Nº 21 e Paco Rabanne
Salvatore Ferragamo, Valentino e Tatras
Brandon Maxwell, Valentino & Balmain
Há quem diga que 2020 não trouxe nada de bom (e na verdade estávamos todos desejosos de o ver pelas costas), mas ainda assim não posso concordar. Foram muitas as mudanças neste último ano, sentidas económica e socialmente, como ao nível da moda e mesmo no meio ambiente.
Ao recapitular o ano observamos alterações nos hábitos de consumo, na maneira de sociabilizar, de comer, de vestir e até em alguns valores. Descobrimos que podemos viver com menos, e isso refletiu-se também no dinheiro que gastamos em roupa e na nossa imagem em geral.
O confinamento obrigou a uma paragem, e a uma quebra acentuada nas vendas e na produção têxtil (uma das industrias mais poluidoras da atualidade ). E os consumidores ao aperceberam-se do problema começaram a comprar de forma mais consciente (menos e melhor), tendência que manifestamente irá seguir para 2021.
Por outro lado, a indústria da Moda é responsável por um importante volume de negócios e emprega muitos milhares de pessoas em todo o Mundo. Existe a necessidade deste mercado se reinventar, e várias marcas e designers começaram a reagir mesmo antes da pandemia.
Surgiram novos tecidos e materiais, feitos apartir de matérias primas recicladas e peças feitas de excedentes e "dead-stock". Muitas foram as marcas que abraçaram a tendência "Comfort Fashion" e lançaram linhas especiais de homewear para quem trabalha apartir de casa.
2021 será um ano de transição, mas também está marcado como um ano de esperança, de festa e de alegria.
Assim que for possível vamos sair para festejar, estar com amigos e recuperar a liberdade que perdemos e pouco valorizávamos. Ao prever este estado de espirito de euforia foram apresentadas coleções glamorosas, festivas e vibrantes, pois é assim que vamos querer viver em 2021.
Exuberância no Dia-a-Dia, muita cor, mistura de padrões e materiais, silhuetas oversize, brilhos, volumes e acessórios, é a tendência "mais é mais" ou todos os dias são uma festa. Vamos ser livres para fazer as combinações mais inesperadas, e criar looks muito interessantes. Porque podemos, e não queremos passar despercebidas!!
Em termos de cores a Pantone escolheu para 2021 o cinza claro (ultimate gray) e o amarelo iluminado (iluminatting), dois tons que espelham os dois lados da moeda para o próximo ano: equilibrio, força, positivismo e alegria.
As mudanças na industria da Moda foram visíveis desde logo cedo, quando as marcas cancelaram os tradicionais desfiles, enquanto outras apresentaram as novas coleções em modo digital. Dizem que nada será igual depois do Covid, e eu acrescento que estávamos mesmo a precisar deste abanão.
Será que ainda faz sentido falar de tendências em 2021?
De qualquer modo as marcas continuarão a lançar coleções, e nós vamos continuar a desejar algumas dessas peças, porque é assim que funciona a indústria da Moda.
Mas os consumidores atualmente procuram uma Moda Funcional e Confortável, alternativas que lhes permitam trabalhar sem constrangimentos como : sweatshirts, leggings, fatos de treino e todo o tipo de coordenados de malha que se democratizaram em 2020.
Na próxima Primavera vamos encontrar uma mistura do clássico fato com detalhes sportswear, cortes bem fluídos e tecidos maleáveis. As cores pastel, as cítricas e os tons vibrantes conjugam-se todos para receber a nova estação. As silhuetas continuarão fluidas e destruturadas, um estilo "slouchy" e bem confortável, numa combinação do masculino com o feminino.
Salvatore Ferragamo, Prada, Paul Smith
Também se irá manter a tendência Feminina e Natural que já usámos no Verão passado. Paletas que vão desde o rosa velho, aos tons terrosos, castanhos e beges, com enfase nas texturas e tecidos naturais (algodão, linho, camurça e cabedal), e a utilização de ráfias, macramé e croché. Maxi vestidos, transparências, shorts, blusas e vestidos com folhos e sobreposições marcam este estilo romântico e muito feminino.
Alberta Ferreti e Christian Dior
Um traço inusual, e que surgiu em muitas coleções, foram os biquínis/soutiens usados como top. Sozinhos, sob transparências ou por baixo de um blazer ou camisa, é caso para dizermos que: in 2021 the bra is out!
Dior, Hugo Boss e Alberta Ferreti
Ainda existe um longo caminho a percorrer, mas para 2021 é expectável a continuação do crescimento do mercado de 2ª mão e de marcas sustentáveis. Aprender a valorizar o que temos, reciclar, reutilizar, e dar oportunidade aos pequenos negócios é uma reconfiguração fundamental dos nossos hábitos.
Concluindo, em 2021 não vamos mudar muito a nossa forma de vestir mas de consumir. E a Moda será apenas mais um meio de expressarmos a alegria do novo ano. Seja Bem Vindo 2021!!
